quarta-feira, 23 de abril de 2014

Motor AP no Chevette (parte 2)

Bom, no último post sobre motor AP no Chevette terminei citando os pontos de atenção quanto a adaptação. Agora vamos à MINHA realidade. Reforço MINHA realidade, pois há inúmeros casos de sucesso e Chevetteiros satisfeitos com o motor emprestado, porém não tive tanta sorte...

Talvez, depois que você ler todo o post, vai chegar a mesma conclusão que eu: o motor AP que transplantei para o Chevette é que estava ruim. Por outro lado, e reforçando que este mesmo motor não foi lá muito solicitado, eu esperava muito mais dele. 

Assim que saí da oficina do preparador "fulano de tal", que não vem ao caso citar o nome do expert aqui, abasteci com álcool e já tratei de secar o porta-malas, pois o mesmo vazou pelo bocal do sensor de nível. Como foram refeitas a saída e retorno de combustível para maior vazão, o preparador tirou o sensor e não o rosqueou direito, logo, esta foi a primeira decepção com o dito cujo.

O ronco... ahhh, o ronco! Realmente o motor AP turbo tem um ronco legal. O escape era direto até o meio do carro, antes do diferencial, com apenas um abafador tipo JK, ou turbão, dependendo da região que o apelidar. Passava bem longe do ruído estridente do motor e escape original do Chevette.

A potência.... ahhh, a potência! Para uma primeira impressão, gostei! Era um motor aspirado originalíssimo e agora é um 1.8 turbo com 0,8bar de pressão. Pelo menos o dobro de potência. E agora faz tchiiii quando tiro o pé. E agora anda mais que meu Vectra com 140cv. Tchiii...

A fumaça.... ahhh, a fumaça! P*##@!!! Que fumaça é essa? Pois é... depois de alguns dias percebi que a fumaça branca do escape estava meio fora do normal, assim como a fumaça que invadia o ambiente proveniente do respiro da tampa de válvulas. Decepção número 2.

O óleo. Este insistia em não ficar restrito a parte interna do motor. Inclusive fui convidado pela síndica do meu prédio a lavar a garagem. Decepção número 3.

Rodando há alguns dias, feliz de vez em quando e sendo reticente em assumir os defeitos do motor, parei o Chevette na oficina pra trocar juntas, retentores, regular ponto e outras coisinhas que estavam incomodando, como o escape batendo no assoalho, o coxim do câmbio estourado e a fumaça que estava contaminando o tecido original dos bancos. Saí mais feliz do que quando entrei na oficina.

Algumas particularidades do motor AP ainda não atendiam a minha expectativa. Por mais que o motor original do Chevette não permita qualquer emoção, ele é um motor girador. Também tenho paixão por motores 2T (possuo algumas motos nesta configuração), que giram muito e apresentam um pico de potência em alta rotação, como um motor 4T turbo, mas nada disso eu conseguia extrair do AP. Sei que com um comando mais bravo e um trabalho de cabeçote ou outra turbina fariam eu sentir esse empurrão a mais, mas minha intenção e bolso eram pra coisas mais básicas, logo sentia que faltava algo. O Chevettinho já estava vivendo seus momentos de "lobo em pele de cordeiro", mas haviam momentos em que carros originais me davam um trabalhão pra empurrar...

Passaram-se uns 3 meses, uns litros de óleo a menos no motor e mais no chão, até que, indo para o trabalho numa bela manhã, começo a ter dificuldades para engatar as marchas. Chegou ao ponto de não conseguir mais e... somente primeira marcha (engatada com o carro desligado) e mudei de sentido, indo direto pra oficina. Chegando lá olhei para o cofre do motor e tudo estava aparentemente OK. A embreagem era nova (de cerâmica), o cabo estava intacto.... decidi olhar o carro por baixo e "tá-dá"!!! Motor e câmbio haviam rompido seu relacionamento de anos e resolveram se separar...
A bendita flange de alumínio espanou na área de rosca dos parafusos e, ao forçar com a embreagem nada macia de 900 libras, a caixa de câmbio afastou-se do motor. O jeito foi colocar tudo pra fora do cofre e solicitar a compra de uma flange nova lá de São Paulo...

Uma semana depois chegou a flange, a qual mandei entregar pelos correios no endereço da oficina, e pra minha surpresa não encaixava! Precisei abrir na região do motor de partida para o mesmo encaixar ali... não me pergunte o motivo, mas já ouvi esta reclamação de outros usuários desta flange para motor de Chevette x caixa de AP.
Sistema montado, partida dada e nhéééééccc. Ops! Eu pisava na embreagem e o motor caia de giro, como se estive forçando pra movimentar o carro - e isso desengatado, o que fica mais estranho ainda. Algumas vezes fazendo isso e o problema foi piorando, chegando até a morrer o motor. Analisa daqui, analisa dalí.... e a polia do virabrequim está desalinhada, uns 3mm pra frente. Zica total!!! Bora abrir o motor...

Tira de novo o motor do carro, põe na bancada, tira o óleo, vira pra baixo, tira a tampa do cárter e a bomba (não a de óleo, o problema-bomba) está ali: bronzinas desgastadas a ponto de comprometer o bloco do motor... decepção total e final.

Decisão: "Sr. Mecânico, espera uns 3 dias que eu trago o motor do Chevette que tá guardado, você instala e deixa que eu me viro daqui em diante. Pode manter a bomba elétrica e tal, mas tira desse motor AP o kit que vou levar pra casa."

Dito isso, levei o motor e alguns dias depois fui buscar o carro com o motor do Chevette de novo... mas com as MELHORES intenções possíveis, porque nessa hora eu já tinha um coletor SPA pra Chevette, embreagem, mufla e etecéteras prontos para a ressurreição do turbo.
Ah! E vendi o motor AP com a parte de baixo ruim, mais coletor para turbo, embreagem e carburador por R$1.000. Pelo menos minimizou o prejuízo.

No próximo post o assunto é Chevette com motor de Chevette!